Kaufman, Kaufman, Kaufman

Eu sou uma cinéfila confessa e irremediável.
Woody Allen é insuperável, mas Charlie Kaufman está sentado a direita de Deus-Pai-Todo-Poderoso.

Não pretendo aqui fornecer sinopses de nenhum dos seus filmes, mas apenas tecer alguns (poucos) comentários a respeito deles...

Em primeiro lugar eu não sei COMO alguém consegue dar ao título de um filme inigualável, parte de um poema de um escritor do século XVII.

"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd;
Labour and rest, that equal periods keep;
'Obedient slumbers that can wake and weep';"
(Alexander Pope)

Falemos sobre o filme.
Perdoem-me aqueles que não o viram, mas o castigo é merecido por tamanha heresia.
Confesso que até hoje me pergunto se o fato de Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) decidirem ficar juntos apesar de todos os pesares é um imenso ato de coragem, amor e esperança, ou um sinal de que não há limites para a ignorância.
Sim, pois reprisar aquilo que supõe-se não terminar bem não pode ser encarado como algo normal.
Eu sinceramente me pergunto o que leva duas pessoas a tentarem novamente aquilo que já sabem de antemão que não dará certo. Otimismo? Auto-engano? Mera estupidez?

"Would you erase me?"
De resto o filme é simplesmente maravilhoso e nada que eu diga conseguirá expor com precisão o que Charlie Kaufman conseguiu fazer.


Falemos de "Adaptação".
O mais curioso sobre o filme não é o filme em si, mas sim o que está por trás dele.
Segundo consta, Charlie Kaufmann foi contratado para fazer a adaptação de um livro sobre orquídeas (The Orchid Thief) para a telona. Infelizmente, nem o melhor roterista do planeta está livre dos tais "bloqueios". O Que Fazer? Voilá, escrever um filme sobre o bloqueio na adaptação do livro ao cinema. Genial, não?
O mais curioso de tudo, foi a nominação ao Oscar de Donald Kaufman, irmão fictício de Charlie Kaufman, em 11 de fevereiro de 2003...


Falemos de "Quero Ser John Malkovich"
Lewis Carrol consegiu um concorrente à altura.
John Cusack está impecável como "pupeteer", Cameron Diaz, absolutamente irreconhecível e John Malkovich está como se espera que ele esteja.
O filme é completamente sem falhas. Talvez, a película mais criativa de todos os tempos.
Capitalizar 15 minutos dentro da mente de um ator hollywoodiano? Como assim?
Indiscutivelvente, um dos melhores filmes já feitos...
Andy Warhol uma vez disse que todos seríamos famosos por 15 minutos... o que ele não disse, foi o que aconteceria após os 15 minutos de fama...