Tapas e Apertões

Uma vez me deram um tapa.
Não foi daqueles bofetes e muito menos foi na minha cara.
Não, foi um tapa daqueles quase esmago.
Não tinha nenhuma conotação de agressão.
De violência talvez, mas não de vontade de machucar.
Não sei se eu estou sendo clara, e isso só aconteceu uma vez.
Não foi bem um tapa. Foi um apertão bem dado. Ou um seguido do outro.
Não lembro direito.
Doeu na hora. Mas passou em seguida.
Acho que nunca mais vou levar um apertão ou tapa daqueles.
Tem coisas que a gente permite que só algumas pessoas façam.
Tem outras que não é nem algumas, é uma só.
Só quem me deu aquele apertão poderia me dar outro.
Jamais deixaria que qualquer pessoa sequer tentasse. Não.
Aquele tapa teve dono.
Teve axinômio, prenome e sobrenome.
Não me entendam mal. Sou contra violência.
Não costumo deixar que encostem um dedo em mim.
Mas aquele tapa veio sem pedir licença.
Talvez tenha sido o único.
O primeiro e o último.
Mas pensando bem,
eu não precisaria de outro.