Dizem que ele é pedófilo, genioso e neurótico.
A mim pouco importa. Só sei que nenhum diretor consegue fazer o que ele faz.
Já assisti a quase todos os seus filmes. Final de semana passado foi a vez de "O Dorminhoco" (Sleeper) e "Crimes e Pecados" (Crimes and Misdemeanors).
Em "O Dorminhoco" (1973) há uma daquelas suas famosas e típicas piadas - Diane Keaton (de codinome Luna Schlosser na película) pergunta ao recém descongelado Woody Allen (Miles Monroe) mais ou menos o seguinte:
- So you haven't have sex in 200 years? (Luna)
- 204, if you count my marriage (Miles)
É aquela coisa simples, quase clichê - mas que Woddy Allen é capaz de fazer, com um humor sofisticadíssimo, como ninguém.
Em "Crimes e Pecados" (1989), dentre outras coisas, Woody Allen faz o papel de um diretor de documentários que aceita filmar a "biografia" de um amigo de sua esposa. O que era para ser um filme de auto-adulação acaba tornando-se uma ridicularização caricata (com direito, inclusive, a uma hilária comparação de "ator principal" com Mussolini).
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Acho, sinceramente, que até hoje eu não tenha visto sequer um filme dirigido por ele do qual eu não tenha gostado...
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Em relação aos mais recentes:
Uma cena memorável é a do filme "Os Trapaceiros" (Small Time Crooks, 2000) em que Tracey Ullman (Frenchy) encantanda com a história de vida de Hugh Grant (David) pergunta como pode ele já ter feito tanta coisa em sua vida e ser tão jovem - ao que ele prontamente responde ter um quadro guardado em um quarto fechado. Eu como fã incondicional de Oscar Wilde adorei a sutil ironia.
Talvez meu filme favorito seja Descontruindo Harry (Desconstructing Harry, 1997).
Há uma série incontável de cenas hilárias - as minhas preferidas são duas: a primeira é quando Harry Block (Woody Allen) desce ao inferno (de elevador) junatamente com Larry (Billy Cristal - que na ficção de Harry é o diabo), o qual lhe comunica que o andar da mídia já está lotado. Outra peripécia típica de Woody Allen é a ocorrida com Mel (Robbin Williams - também personagem de Harry) que simplesmente sai de foco, obrigando toda a sua família a usar óculos especias para enxergá-lo propriamente.
Há muitos, claro, "Poderosa Afrodite" (Mighty Aphrodite, 1995), "Poucas e Boas" (Sweet and Lowdown, 1999 - com um Sean Penn digno de Oscar), "Dirigindo no Escuro" (Hollywood Ending, 2002) e tantos outros...
É, mesmo neurótico, hipocondríaco e de moral questionável, Woody será sempre Woody. Talvez nem sempre fora das telas, mas forever on the screen.